24.4.07

do silêncio

tem um radinho em cima da pia do banheiro. um radinho bem feio. de “pia”. do meu irmão.
como eu ouço música em tudo que é lugar e ocasião, o banho era apenas mais um. Nem entre sete e oito da noite eu tomava banho. tinha a hora do brasil. e eu nunca gostei do guarani. então, banho era antes das sete e depois das oito. tipo rodízio.
um dia, acabou a pilha. preguiça, esquecimento e não gostar de sair molhada pela casa, me fizeram nunca trocá-las. Agora, era tudo no silêncio.
eu gostei. nunca mais liguei o radinho.
nostalgia e, hoje, resolvi ligá-lo. logo antes de entrar no banho. ele tava ali, me olhando de canto. é, uma musiquinha ia bem agora. nem sei em que rádio ia colocar. ia deixar ao gosto do meu irmão, pq sintonizar alguma coisa nesses aparelhos é uma arte. não ia tirá-lo de sua rotina quando fosse a vez dele de usar o banheiro.
ele tava sem pilha.
ficou um silêncio mortal.
mais silêncio do que antes, quando ele tava desligado.

Um comentário:

Fabio Issao disse...

amei! se resolveres trabalhar um pouquinho nele, dá um mini-conto maravilhoso! mas o que eu mais gostei é do tempo da escrita: rápido, curto, inesperado. tum-tum-pá-tum. dá-lhe!