30.12.08

do último suspiro

e, antes do ano acabar e levar com ele tremas e acentos, eu deixo aqui meu protesto e meu adeus:

lingÜiça - lingÜiça - lingÜiça - lingÜiça - lingÜiça - lingÜiça - lingÜiça - lingÜiça - lingÜiça - lingÜiça - lingÜiça - lingÜiça - lingÜiça - lingÜiça - lingÜiça - lingÜiça - lingÜiça - lingÜiça - lingÜiça - lingÜiça - lingÜiça - lingÜiça - lingÜiça - lingÜiça - lingÜiça - lingÜiça - lingÜiça - lingÜiça - lingÜiça - lingÜiça - lingÜiça - lingÜiça - lingÜiça - lingÜiça - lingÜiça - lingÜiça

tranqÜila - tranqÜila - tranqÜila - tranqÜila - tranqÜila - tranqÜila - tranqÜila - tranqÜila - tranqÜila - tranqÜila - tranqÜila - tranqÜila - tranqÜila - tranqÜila - tranqÜila - tranqÜila - tranqÜila - tranqÜila - tranqÜila - tranqÜila - tranqÜila - tranqÜila - tranqÜila - tranqÜila - tranqÜila - tranqÜila - tranqÜila - tranqÜila - tranqÜila - tranqÜila - tranqÜila - tranqÜila - tranqÜila - tranqÜila - tranqÜila - tranqÜila - tranqÜila - tranqÜila - tranqÜila - tranqÜila

vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo - vÔo

idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia - idÉia

têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm - têm

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fiquem bem.

22.12.08

da maternidade

show da madonna. milhares de pessoas. cadeiras na arquibancada. eu, prontamente colocada na primeira fila, sem ninguém na frente, chega uma menina de uns 15 anos - mais baixa do q eu, o que deu a ela o direito de achar q podia pegar meu lugar privilegiado - e a mãe:

-então agora a gente precisa achar um lugar pra sentar.
-ah, mãe, tá bom aqui.
-mas... aqui?
-é... aqui tá bom
-mas... a gente vai... ficar de .... até a meia noite???-
-...é.... vai....
- (suspiro)

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ficaram um tempo em pé e saíram dalí. não sei se a mãe achou uma cadeira. acho que a mãe não era fã da madonna - só da filha.

17.12.08

da carta pro papai noel

seu noel,

venho por meio desta dizer que cansei desta vida. eu fui uma boa menina o ano todo e o que isto me rendeu? nada! chega de rodada-dupla, de acumular funções, de trabalhar de madrugada e de pegar freelas (ou "bico" mesmo, em bom português).
à 1 am da quinta-feira, nem no meio do trabalho pra amanhã, já sei o q eu quero: um marido. não precisa ser lindo, engraçado, fiel e companheiro. pode ser velho, feio, rico e à beira da morte.


grata,
a gerência.

da busca

eu tinha 16 anos e 'tava na escola. de todas as matérias, a q eu gostava mesmo era filosofia. pq eu sou cabeçuda, cdf e o professor era ótimo: o ph, que virou meu amigo. ele era jovem. eu era jovem. ah, a juventude. ele dava aula e eu lia todos os textos. ele mandava mais por email, eu respondia, fazia reuniões extra-classe, promovia foundues-filosóficos com outros alunos interessados q nem eu.
era ótimo. era alguém de 30 anos (suponho) que levava a sério alguém de 16.
a gente falava de cinema, do futuro, do presente, das dúvidas existenciais (com um bom embasamento, no caso dele) e bobagens diversas. a gente trocava emails diários, mesmo um tempo depois que eu me formei no colegial. ele era legal. e meu amigo.

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um dia ele me perguntou pq q eu gostava tanto de cinema. eu pensei nisso por anos. anos. pq, cazzo, eu gostava tanto de cinema, afinal?
um dia, me dei conta, enquanto eu fazia a tradicional tabela com os filmes da mostra que eu iria ver: pq, sem imagem, eu não conseguia escolher um filme. era isso. eu precisava de uma imagem - mto mais importante q o roteiro. vendo a foto, eu sabia se deveria ou não ir ao filme, se ia gostar ou não, se ele tinha futuro comigo. achei q a resposta começava por aí: era a imagem q me ganhava.
preciso contar isso pra ele, pensei.

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uma última tentativa de contato foi feita lá pelo começo da faculdade. ele estava a dois prédios de mim fazendo doutorado. ele ainda respondia pelo email dele q eu tenho até hoje: @bol.com.br. coisa que, certamente, não atende mais, pq esta bol já foi engolida pela bolha.
por isto meu email ainda é o mesmo de dez anos atrás: quem quiser me achar, ainda tem chances.

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e eu quis achá-lo. hoje, lendo emails velhos, de dez anos atrás, procurando outra coisa, encontrei os dele. e li todos de novo. e lembrei como eu gostava de trocar emails e idéias, ainda que fosse desleal minhas parcas idéias adolescente pelas de um filósofo. e achei que, modéstia à parte, mas o tempo tem que ter pelo menos uma vantagem, eu sou mto mais legal hj q no colegial. q eu entenderia tudo aquilo mto melhor. não mto melhor. melhor, apenas, talvez. os textos seriam mais bem escritos e não começariam com "psor" (coisa da qual eu morri um pouco de vergonha, relendo-os).
foi ele quem disse q gostava do q eu escrevia. q, naquela confusão toda de quem começa a escrever sem saber como vai acabar - que nem eu faço até hoje, incluíndo agora - ele via uma pessoa pensando. um fluxo que ia sendo registrado.

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a última msg do @uol dele era: "estou desativando este email. cansei dessa vida virtual, quero ver gente de verdade" - aquela dúvida cruel do real x virtual. assim, ele sumiu.
foi então q eu dei um google nele. achei o lattes, achei a tese, achei os títulos, uma foto e nada de email. achei o endereço - ele ainda mora na mesma casa - e o número do telefone.
telefone.... poxa, nada de email??

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-tá, juliana, liga lá e pede o email dele!
-sim, mto bonito.... eu ligo e digo: "oi, eu queria seu email, pode ser? 'brigaaaada. espera meia hora que vc vai ter mensagem nova..." eu sei que esquisofrenia resvala na minha personalidade (começando por esta conversa q eu estou tendo comigo mesma agora), mas ele não ia dar o email para uma completa estranha - no sentido mais completo da palavra completa.
-então se apresenta, seja breve e peça o email dele.
-ai
-liga! faz alguma coisa de interessante na vida.
-é, né?
-é! vc não ia gostar se alguém de muitos anos atrás te ligasse?
-hum… tipo quem?
-tipo… hum... lembra daquele cara que sentava atr... não muda de assunto, isto não importa! liga pra ele. ele vai curtir.
-vai, né?
-é, vai. e se não curtir. azar. vc paga os impulsos, deixa os emails guardados, coloca as lembranças de lado e vai trabalhar que vc tem coisa pra fazer.
-tá, vou ligar...
-liga!
-mas ele vai achar que eu sou maluca.
- gde coisa.

e eu liguei.
e tocou. e tocou. e tocou.
e meu plano interior era que caísse na secretária eletrônica - que eu sabia q ele tinha - q eu deixasse um recado que eu já tinha ensaiado e ele que se virasse com aquela informação gravada ali.

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"oi, ph! aqui quem fala é 1999. é a juliana e eu fui sua aluna no colegial. eu achei uns emails de quando a gente ainda trocava email e achei aquilo tudo genial. eu juro q eu tentei achar seu email atual, mas eu só consegui seu telefone. o meu é o seguinte (…) e o meu email é o mesmo (…). bj, ju"

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atendeu (ai, merda!) fazia um puta barulho do outro lado da linha. eu nem ouvi direito a voz q respondia. meu deus, ele deve estar no samba da praça roosevelt. (por algum motivo, foi o primeiro lugar que me veio à cabeça)

eu desliguei.
(e eu continuo com 16 anos)

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no samba? pq no samba? ele pode ter casado. ele pode estar na casa da sogra. na festa da filha. na festa da firma. ele pode estar no cinema. ele pode estar em casa, com um puta som alto, numa balada mto louca para os amigos filósofos mto loucos - até pq o número q eu achei era de um fixo.

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eu liguei de novo. respirei fundo.
tocou. tocou. e tocou.
e ninguém atendeu.

nem a secretária eletrônica.
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9.12.08

da decepção

pq hoje eu acho que é sexta-feira quando ainda é terça?
pq hoje tem sol e nenhuma nuvem e eu to na frente do computador?
pq o fim do ano não chega logo, já que todo mundo diz que o ano já ta acabando??
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só lamentos...

8.12.08

da extinção urbana

poderiam entrar em extinção todas estas motos de escapamento solto q insistem em correr pela cidade acelerando e fazendo um barulho da porra, impedindo que se ouça qualquer outra coisa por alguns momentos.

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que sumam todas agora: plim!

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7.12.08

de como corre a humanidade

o taxista vinha pela madrugada de são paulo a mais do que o desejado, esperado e permitido pelas leis de trânsito, bom senso e segurança. eu vinha me segurando em tudo no banco de trás, rezando pra não bater em nada e chegar em casa logo - bom, logo eu ia chegar, pela velocidade que estávamos - melhor era rezar pra chegar viva. de nada adiantava dizer que não precisava correr, que tava mto rápido. e descer tb não era uma opção. eu, sozinha, de madrugada, em alguma avenida da cidade não parecia uma solução melhor.

- olha, agora vc VAI TER q diminuir pra entrar nessa próxima rua, senão não vai dar.
- eu sei, fica calma.
- é q tá meio rápido, né
- tá rápido, não.
- tá, sim. inclusive tá bem acima do limite, não precisa correr assim.
-ah, mas o limite quem faz sou eu, né?

neste instante eu fiquei chocada, pasma e passada. já estávamos a uma quadra de casa, ele finalmente tinha reduzido a velocidade, e eu sabia que não ia morrer nos próximos 100 metros. já era possível pensar em o quanto alguém precisa ser babaca pra dizer - e achar - uma coisa dessas.